Um dia vou contar-te a minha história. Não que precises dela para escreveres a tua, mas talvez te inspires e percebas como se fazem histórias reais. Não que precises conhecer os meus medos para descobrires os teus, mas talvez percebas que todos temos medos e que não precisamos viver agarrados a eles. Não que necessites saber das minhas vitórias e derrotas, mas para que entendas que todos as temos e que nem umas nem outras nos definem, elas fazem apenas parte do percurso.
No dia em que te contar sobre as lágrimas e os sorrisos que vivi e vivo, talvez entendas melhor as tuas. Um dia vou contar-te dos meus erros e tropeços e de como eles me levaram aos acertos. Se for preciso conto-te como vivi a culpa, a mágoa, a raiva, a tristeza e talvez te
emociones por saber que afinal não estás só. Vou contar-te sobre as noites passadas em
branco pela ansiedade, pela preocupação e de como tudo isso me desgastava. Vou falar-te
sobre os momentos de depressão e a necessidade que tinha de me sentir amada. Talvez nesse momento revejas momentos parecidos, emoções e experiências similares.
Mas quero que saibas que um dia peguei na minha história, nesses traços de vida vivida e
decidi fazer deles a minha cura. Abracei cada dor, acolhi cada uma delas, mesmo que num
primeiro instante isso aumentasse o sofrimento. Percebi que era preciso mexer na dor por um bem maior. Transformei os problemas em desafios, os obstáculos em degraus e usei as
lágrimas para expurgarem tudo o que me corroía. Usei o fundo do poço como trampolim para um salto gigante e resgatei o maior amor do mundo, o meu, por mim. Com tudo isto fica a história mais leve e o aprendizado mais completo.
Hoje acredito no amor, na força da sua transformação, no poder que trago na alma e nos meus pés que fazem o caminho. Continuo a descobrir dores, acolho-as hoje de forma mais
consciente e sei que só quando me emancipar delas, posso seguir jornada de forma mais
desapegada. Estou mais atenta aos sinais que na maioria das vezes me chegam através do
corpo físico, isto quando não os entendo, bem antes, nos meus corpos mais subtis.
Hoje já não preciso ver para acreditar, porque as maiores revelações surgem quando me
liberto do que me prende. Um dia vou contar-te a minha história, não porque ela seja
importante para ti, mas para que tenhas a coragem de erguer a cabeça, entenderes o teu
valor, esboçar um sorriso e contares a tua.
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